Porta enferrujada... Mini conto :)
Quando te vi achei que serias mais um amigo. Um daqueles amigos que vimos de longe a longe, rimos de alguma parvoeira dita por alguém, damos dois beijos no rosto e partimos. Não te liguei muito, nem sequer reparei no teu olhar, quente, meigo e cheio de ternura para dar. Achei que serias mais um amigo. Apenas isso. Assim simples, porque a porta do amor era uma porta enferrujada para mim. Não a abria há muito tempo. Tinha medo que por essa porta entrasse o sofrimento, a dor, as lágrimas e os apertos no peito que me fariam sufocar. Mas tu, com toda a calma que te é característica sorrias para mim e o teu olhar, tão meigo, tão doce e tão suave embalava-me. Fazia-me ir por caminhos que eu recusava.
Trocámos algumas palavras no meio daquela multidão. Algumas delas sem nexo! Seguraste na minha mão e lentamente levaste-nos a afastar da multidão.
-Onde vamos? – Perguntei entre risos.
-Abrir portas! – Respondeste-me meio sério meio a brincar.
Parámos em frente ao mar, este sussurrava. Nos teus olhos vi a chave que abriria a tal porta enferrujada que era o meu coração. Por momentos estremeci. Levaste as tuas mãos ao meu rosto e os teus lábios começaram a formar um sorriso.
-É preciso dizer mais?
Abanei a cabeça. –Não! Claro que não! – E beijei-te.
Os teus olhos tinham dito o suficiente para acalmar os meus medos e o teu beijo tinha aberto a porta. Não havia razões para ter medo do teu amor. Ele tinha chegado suave! E agora que a porta estava aberta eu queria viver todos os momentos contigo. Ia deixar-te entrar, a ti e à felicidade que te acompanhava! E com tudo aprendi que até mesmo as portas enferrujadas podem ser abertas!