Booooooooooooom diaaaaaaaaaaaaaaaaa!! 

     No próximo dia 30 de Março estarei na Junta de Freguesia da Póvoa do Varzim para uma sessão de apresentação do meu livro. 'E tudo o mar levou' tem como cenário esta maravilhosa terra, de homens de coragem e de mulheres fortes. Atrevam-se a aparecer!

     Nem tudo se pode comprar! E há coisas que realmente não têm preço mas têm tanto valor!  

     Ontem ao ler o Diário de Aveiro lembrei-me de um post meu que por incrivel que me possa ter parecido tem quase 6 anos! (o tempo passa mesmo depressa demais  )-Podem saber a que post me refiro aqui Passo...Olho...Ignoro! -

    Era noticia de primeira página:

Na altura por causa da E. tornei-me dadora de medula óssea, e ainda hoje a primeira pergunta que a médica me fez paira na minha mente: 'Tem a certeza que o quer ser? Se lhe pedisse agora para o fazer, fazia-o? Mesmo não sendo por causa da sua conhecida?' A minha resposta foi 'Sim, claro que sim! e nem pensava duas vezes!' E depois foi a minha vez de perguntar: 'Se estou aqui é porque o quero fazer, certo?' A médica deu um sorriso triste e respondeu-me: 'Antes fosse assim tão linear! Não imagina a quantidade de 'NÃO's' que recebemos quando encontramos um dador compatível!'

Achei que a médica de bata branca, sorriso triste e com alguma frieza no que dizia estava a brincar comigo! Mas afinal não estava!

Imagino o desgosto do Fábio ao saber que tinha não um mas dois dadores compatíveis! Dois! Uma coisa tãooooo raraaaa! E ambos disseram 'NÃO', não sei as razões de o terem feito, nem tão pouco me interessam tais razões! Porque na minha mente está apenas a E. os pais dela os tios os primos e todos da família que conheço! Está o esforço feito para terem conseguido apenas um dador compatível! Na minha mente estão todos aqueles que neste momento lutam pela vida e pelo esforço de encontrar um dador, apenas um! 

Fica apenas um conselho que vale o que vale: se querem ser dadores de medula óssea apenas para se gabarem que o sejam, esqueçam! Não dêem falsas esperanças a ninguém! Agora se querem ser heróis sem capa e anónimos sejam e se um dia receberem um telefonema a dizer: Pode salvar uma vida! Não pensem duas vezes! Lembrem-se apenas que há muitas E. e muitas Fábios nesta vida e que um dia pode ser alguém que vos é muito querido!

Aos pais do Fábio um beijinho enorme! 

' O velho armário de madeira e vidro ainda suportava o peso dos pratos
de porcelana. A renda amarelecida pelo tempo estava em todo o lado. Na
mesa, nos armários, por cima da televisão, nas costas do sofá. Lembrava‑se
da avó a fazer magia com as linhas e a pequena agulha. A pequena
credência, ali a seu lado, tinha tantas molduras que parecia impossível
caberem todas ali. Todas as fotos eram de homens. Todos eles levados pelo
mar. Todas elas manchadas pelo sal das lágrimas. Havia ali uma pequena
bíblia, a mesma que a avó levava aos domingos de manhã à missa. Pegou
no pequeno santo de pedra que também ali estava. Passou os dedos pelas
imensas rachadelas que ele tinha. Todas derivadas às imensas quedas que
lhe tinha provocado pelas brincadeiras.'