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Marta Velha - Writer

Marta Velha - Writer

Para recordar VIII! :)

11.05.21, Marta Velha

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“-Adoro este autor!” – Pousou o livro e sorriu. “-As suas descrições são tão boas que nos obrigam a sentir tudo pelo que as suas personagens passam. E é maravilhoso sentir o amor, sentir a paixão, sentir o medo, sentir a raiva, sentir o desejo…” – Abraçou o livro.
Frederico olhou-a com amor. Há quanto tempo se sentia assim? Tempo demais para saber que estava perdido de amores por Anabela.
“-Parece que te estás a sentir muito bem com o que leste!”
“-Muito bem mesmo! É um romance onde os dois protagonistas se amam perdidamente mas recusam-se a aceitar o que sentem! Ou a admitir!”
“-Às vezes é difícil aceitar o que estamos a sentir! E confessar ao outro é ainda pior.” – Olhou-a com ternura e teve uma vontade enorme de sentir o calor da sua mão junto da sua.
“-Eu sei… mas isso acontece porque temos medo de uma recusa. E levar um não do outro é como mergulhar numa banheira cheia de cubos de gelo!”
“-E sentir o frio e sentir arrepios até na alma!” – Deu uma gargalhada. “-Acreditas no amor e em tudo o que ele nos faz sentir e nas loucuras que nos faz fazer e dizer…”
“-Oh, acredito! Claro que acredito!”
Frederico ganhou coragem e pegou -lhe na mão. Sentir o seu calor foi como chegar ao céu.
“-Consegues sentir?” – Sussurrou.
Anabela fechou os olhos. A brisa soprava suave, o cheiro da primavera chegava até ela fazendo-a sentir-se mais leve mais suave mais apaixonada. Abriu os olhos e fixou o seu olhar no dele.
“-É amor, não é?”
“-Se estás a sentir um formigueiro enorme no corpo e uma vontade enorme de me beijar… Sim é amor!” – Sorriu.
“-Que seja, então!” – E aproximando-se dele beijou-o apaixonadamente, sentindo o seu coração disparar!

Para recordar VII! :)

10.05.21, Marta Velha

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“-Foi um milagre! Ele acordou…”
“-Vais contar-lhe?”
Sofia olhou para Ângela. “-Não tenho coragem!”
“-Esteve em coma dois anos! Tem direito a saber o que fizeste por ele!”
“-Nem sei se ele se lembra de mim!”
“-Tens de contar-lhe tudo! Ele merece saber. Lembrando-se ou não de ti. Tu estiveste sempre lá. Dois anos seguidos.”
Sofia tentou acalmar-se entrou no quarto onde um paciente ainda muito debilitado descansava. Os exames revelaram que estava tudo bem com Guilherme. Respirou fundo.
Olhou para o rosto cansado dele e sorriu. A sua vontade era tocar-lhe como tantas vezes fizera. Conversar com ele sem obter resposta!
“-Como se sente?”
“-Confuso, dorido, cansado e com fome!”
“-Tudo isso é normal.”
“-Não me consigo lembrar de nada. O médico disse que fiquei em coma após um acidente de carro. Quando fecho os olhos lembro-me de fragmentos de conversas que tive com alguém…”
Sofia gelou. “-Pode ser só a sua imaginação!”
Guilherme fez um ar confuso. Tudo parecia nítido demais para ser só imaginação. “-Recebi visitas nestes dois anos?” – Perguntou a medo.
Sofia respirou fundo. “-Estiveram cá amigos seus, depois deixaram de aparecer. A sua família é que vem com mais regularidade.”
“-Eu tinha noiva…”
Sofia agitou o tubo do soro e olhou-o, amava-o em segredo. Será que lhe deveria falar da carta? Não podia…
“-A sua família explicar-lhe-á tudo…”
O irmão de Guilherme entrou no quarto e abraçou-o. Há muito que tinha perdido as esperanças na sua recuperação. Contou-lhe tudo o que se passara naqueles anos.
“-E ela simplesmente desapareceu…”
Guilherme estava confuso.
“-Havia alguém que falava comigo diariamente com amor… Que tratava de mim… Juro mesmo que me pegava na mão.”
Sofia entrou no quarto, sorriu.
José sussurrou ao ouvido de Sofia. “-Foi por amor que o fez?”
Sofia olhou para Guilherme com ternura. “-Foi…”

Para recordar VI! :)

09.05.21, Marta Velha

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Correu pelo campo com fé, era o seu último jogo. Quando marcou golo, chorou. O público reagiu efusivamente.
Finalmente a sensação de missão cumprida!

Para recordar V! :)

08.05.21, Marta Velha

caneta.jpgDeus: Sabes porque é que te trouxe aqui?
Ateu: Não sei quem és, nem onde estou, logo não faço ideia porque me trouxeste.
Deus: Eu sou Deus. O criador do mundo! Dos seres vivos e de tudo o que nos rodeia!
Ateu: Deus não existe! É uma invenção da igreja para extorquir dinheiro aos pobres de coração que acreditam em tretas.
Deus: Eu criei o sol, a lua, o mar, a terra. Eu sou Deus! Criei o homem. Criei o bem e o mal. Criei a paz…Eu sou Deus!
Ateu: Supostamente és bom! Fazes o bem! Mas se assim é, porquê tanto mal? Porquê tantas guerras? Porquê tanto choro? Porquê tantas mortes? Deus não existe.
Deus: Já acreditaste em mim. Tinhas um coração puro. Sem maldade. Depois foste corrompido… Deixaste a maldade entrar. Tal como os outros homens. Não fui eu que criei o mal… Dei sabedoria ao homem e ele aproveitou-a para o mal!
Ateu: Tens piada! Acredito nisso, mas e as coisas más que acontecem aos bons? A morte que os leva? Se és Deus, se és bom, não permitirias que isso acontecesse!
Deus: São muitos ses e muitos porquês… Eu sou bom e os bons pertencem-me. São meus e cumpriram a missão deles nesta vida. Trazer sorrisos a quem se cruza com eles. Foi isso que te aconteceu… Perdeste quem amavas. Ela era boa, levei-a para o meu reino. Mas ela mostrou-te o que era a vida, o que era sorrir, o que era amar. Era essa a sua missão. Eu sou Deus. E isso vai continuar a ser feito. Haverá guerra para dar valor à paz! Haverá lágrimas para dar valor aos sorrisos. Haverá mal para dar valor ao bem. Eu sou Deus.
Ateu: Ela levou a minha vida! Deus não existe.
Deus: Eu sou Deus!

Para recordar IV! :)

07.05.21, Marta Velha

caneta.jpg Faltou tentar o impossível. O impossível, o improvável, o impensável. Agora ali, ao vê-la vestida de noiva, tão bonita, tão radiante, tão feliz, não sabia se aquele impossível era assim tão improvável e impensável! A única coisa a fazer era mesmo o impossível, confessar-lhe o seu amor!
Engoliu em seco. Não sabia o que dizer, aliás, nunca soubera o que dizer, porque as palavras eram poucas para confessar tudo o que sentia.
Sempre tivera medo de lhe dizer que a amava, talvez porque Mariana sempre o considerara como um ‘melhor amigo mais que irmão’, e ouvir essas palavras de quem se amava, doía, doía muito.
“-Mariana…” – Engoliu em seco. “-Eu…”
Mariana olhou-o com os olhos marejados. Sentia-se uma princesa. “-Estou tão feliz! E tu também tens que experimentar o teu fato! Aposto que vais ficar maravilhoso!”
“-Mariana, ouve-me por favor!”
“-Sei o que vais dizer!” – Sorriu.
“-Sabes?”
“-Vais dizer que nunca imaginaste que eu casasse mesmo! E que mereço melhor. Depois de um noivado tão conturbado, depois de tantas zangas e… Mas eu sei que ele vai mudar!”
“-Não Mariana, nada disso!” – Fazer o impossível, pensou!“-Vou fazer o impossível.” – Aproximou-se e beijou-a na boca. “-Amo-te, sempre amei. E não suporto a ideia de casares com outro!”
“-Oh, isso é…”
“-Impossível, mas verdade!”
“-Não, Salvador! Não podes fazer-me isto! Não agora! Caso na próxima semana!” – Limpou as lágrimas dos olhos.
“-Tentei de tudo para te confessar o meu amor. Dizias que era-mos irmãos!” – Abanou a cabeça. “-Até ontem, o que acabei de fazer, era mesmo impossível. Mas hoje sei que te amo, que te quero e vou lutar por ti! Não cases, por favor!”
Mariana olhou o seu reflexo no espelho. Na sua mente o namoro e noivado conturbado que tinha tido. Olhou para Salvador. E se também fizesse o impossível?

Para recordar III! :)

06.05.21, Marta Velha

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Restava explicar tudo outra vez. Há quanto tempo estavam assim? Dois anos? Sim, talvez! Mas que importava isso quando para trás estavam mais de sessenta?
Maria tinha alzheimer há mais ou menos dois anos. Mas lá no fundo José sabia que ela ainda o amava. Às vezes perguntava quem ele era. E ele respondia sempre a mesma coisa: aquele a quem roubaste o coração! Depois Maria sorria e voltava a ficar num mutismo que o assustava. José acreditava que durante aquele mutismo ela pensava nas longas horas de amor, nos passeios de mão dada, nos beijos dados ao luar, nas juras eternas de amor. Se a amava? Sim ainda a amava.
José cuidava dela como quem cuida de uma jóia preciosa. E aquela situação doía-lhe muito. Havia dias em que Maria estava tão bem que ele achava que o médico se tinha enganado, outros… Bem, noutros dias ela nem sabia o que era um garfo. E a José restava explicar com todo o seu carinho o que era e para que servia. Às vezes viam fotos juntos, fotos de muitos momentos vividos juntos, fotos dos filhos, fotos dos netos. Maria recusava-se a responder às perguntas de José. Mas ele não se importava. Sabia que no dia seguinte ela iria estar melhor e responderia com amor que eram os dois em lua-de-mel. Que eram os filhos na escola. Que eram os anos dos netos. Que era a vida deles ali naqueles pedaços de papel coloridos. Por isso José esperava….
E esperava, afinal o resto da vida era tudo o que lhe restava.

Para recordar II! :)

05.05.21, Marta Velha

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Olhou para o que tinha escrito, para as alegações finais. Aquela sentença salvaria a sua vida! Era a última oportunidade que tinha. Se os condenasse iria encontrá-la.
Sentou-se quando toda a sala se levantou. Olhou para muitos rostos que ali estavam. Margarida e Afonso estavam em lados opostos. Margarida parecia entediada com tudo! Tinha feito acusações sem nexo! Mas quando olhou para Afonso… Aquele brilho.
“-O estranho caso da Margarida e do Afonso é decidido hoje, não haverá direito a recurso! Primeiro quero recordar os factos. Ficou provado neste tribunal que ambos se amam. As palavras bonitas que Afonso sempre lhe disse. Aquele olhar de cachorro abandonado. O sorriso. Os suspiros. Margarida também o ama! Ainda há pouco olhou para ele de uma maneira muito ternurenta! E por isso, por estar a tentar evitar um amor fica a nossa ré condenada a amar Afonso eternamente! Ficam condenados a olhar apaixonados eternamente, a adormecer de mãos dadas, a ver a lua cheia e a dizer palavras bonitas! ”
Margarida levantou-se da cadeira e ia protestar mas quando olhou para Afonso e viu de novo aquele olhar, sentou-se.
“-O amor é bom. Faz sofrer! Claro que faz! Ama-se. Margarida fica condenada a amar. Eternamente. E um dia vai olhar para trás, para o seu passado e vai agradecer esta sentença! Porque vai ser feliz! Feliz por amar e ser amada!” – Levantou-se e encerrou a sessão.
Quando a sala ficou vazia, olhou para todas aquelas cadeiras. Se um dia também ele tivesse sido condenado a amar! Sabia que aqueles dois se iam amar além dos tempos, almas gémeas.
Ele mesmo já tinha vivido muitas vidas e ainda não a encontrara. Por amor ela morreu. E ele foi condenado! E agora condenara! E esperava que eles fossem felizes a amor.

Para recordar! ;)

04.05.21, Marta Velha

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Margarida caminhava pela rua calmamente. Olhava as montras, precisava de dois presentes. Um para Francisco, outro para Filipe. Pai e filho faziam anos no mesmo dia.
Tinham sofrido para serem pais! Dez anos de desespero, mas finalmente chegou a notícia, estava grávida!
Ouvia um som distante. “-O meu telemóvel.” – Procurou-o na mala e ficou admirada ao ver um papel. Abriu-o e leu uma mensagem que a deixou pensativa. ‘Quando abrires os olhos verás’
“-Que estranho!” – Deitou fora o papel. Atendeu o telemóvel e perdeu-se na conversa.

A casa estava cheia de alegria. Crianças corriam felizes pelo jardim. Francisco conversava com alguns convidados. Margarida apanhou um papel do chão e ficou paralisada com o que leu.
‘Quando abrires os olhos verás. Filipe é parecido com quem?’
Nunca achou Filipe parecido com o pai! Guardou o papel no bolso, falaria com Francisco mais tarde.

Sentada no sofá bebericava vinho tinto. Francisco beijou-a no rosto.
“-Que dia!”
Margarida olhou-o. “-O menino estava tão feliz!” – Sorriu. “-Com quem o achas parecido!”
“-Com a mãe!”
“-Comigo? Não acho!” – Tirou o papel do bolso. “-Encontrei isto…”
“-Onde?”
Margarida ficou perturbada. “-Queres explicar-te?”
Francisco olhou-a. Apenas duas pessoas sabiam a verdade. Ele e Sofia.
“-Margarida…” – Sentou-se. “-Menti-te…”
“-Mentiste?”
“-O Filipe é parecido com quem?”
“-Disseste que era parecido comigo!”
“-Repete as minhas palavras!”
“-Disseste que…Que era parecido com a mãe…”
“-Abre os olhos e verás…Desculpa… Desculpa meu amor…”
Margarida limpou as lágrimas. Não estava a perceber.
“-O teu parto correu mal. O bebé…”
“-Não!” – Gritou.
Tinha que contar tudo. “-Tive um caso com a Sofia, engravidei-a. Depois tu engravidaste. Ela não queria o bebé. Os partos aconteceram no mesmo dia… O nosso bebé morreu… Ela aceitou trocar os bebés…”
Margarida achou que estava a viver um pesadelo! “-Vai embora, nunca mais me apareças! O Filipe é meu!”

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