E tudo o mar levou! :)
E tudo o mar levou! O meu 'número cinco'
Baseado numa catástrofe de 1892 que vitimou cerca de 150 homens na Póvoa de Varzim! Atrevam-se!
Onde comprar?
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E tudo o mar levou! O meu 'número cinco'
Baseado numa catástrofe de 1892 que vitimou cerca de 150 homens na Póvoa de Varzim! Atrevam-se!
Onde comprar?
O vento açoitava-lhe o rosto. Gotas gordas atingiam-na sem piedade. Correu quando uma nuvem atrevida escondeu a lua. Não se podia fazer notar! Não podia ser descoberta! O tiro ecoou na noite fria, rasgando o barulho da natureza. As gaivotas esvoaçaram do areal, o mar agitou-se. Fugiu! Tinha-se certificado que estava mesmo morta!
‘-O que faria aqui a rainha das modelos?’ – O agente Santos olhou para o corpo que jazia na areia.
‘-Um encontro com alguém!’ – A agente Ferreira olhou para os sapatos agulha que ela trazia. Olhou para a areia, havia ali muitos rastos. Dela? Do assassino? Dos agentes no local? Que cuidados teriam tido? Apostava que nenhuns!!
‘-Vasculha as últimas 24 horas dela! Temos que encontrar alguma pista!’
Santos tomou notas. ‘-Era amada e odiada por muitos!’
‘-Começa por quem a amava!’ – Rasgou um sorriso. ‘-Escondem sempre alguma coisa!’
Após três dias de investigações a pergunta pairava no ar: ‘Quem matou Liliana Morais?’.
Catarina Ferreira olhava atentamente para o quadro onde colocava as provas encontradas. Havia ali algo estranho!
‘-Há algo que me incomoda!’ – Olhou para a foto do corpo e para o rosto ainda belo da modelo.
‘-O facto de ainda não termos um culpado?’ – Santos sorriu.
‘-O facto da irmã da vítima ter mentido! Olha!’
Os dois olhavam para as provas. Depois entreolharam-se! Apenas podia saber aquilo se…
‘-Foi ela!’ – Gritaram ao mesmo tempo.
‘-Sabemos o que fez!’ – Santos colocou as fotos sobre a mesa.
Ana sorriu, um sorriso frio e quase maléfico. ‘-Ela sabia que eu o amava e roubou-mo! Mas vocês não sabem nada!’
‘-Sabia perfeitamente onde a sua irmã tinha sido atingida! E sabia o que ela usava vestido! Apenas podia saber isso se a tivesse visto na noite em que foi morta! Coisa que negou!’
‘-Apanharam-me!’ – Sorriu triunfante.
‘-Está presa por homicídio!’
‘-E ela morta por me ter roubado quem eu amava!’
O tempo passou sem darmos por isso! Passou e ficou ali entre nós! Vagueou e cresceu deixando entre nós uma montanha. O mesmo tempo que às vezes é mau o suficiente para apagar as boas memórias, e pior ainda quando teima em recordar as más!
Dizem que o tempo cura tudo, mas o nosso tempo recusou-se a curar o que nos separou!
E foi passando, esse tempo que às vezes é lento e demora mil anos a passar! Outras vezes tão rápido que o dia parece um mero segundo.
E o tempo passou por nós, deixou o seu silêncio, os seus medos e fez-nos perder as forças, desvaneceu sorrisos e esfriou o calor dos abraços.
O tempo, esse que se recusa a voltar atrás! Mas, e se voltasse? Seria o tempo suficiente para fazer tudo de outra maneira?
Tempo, dá-nos mais tempo para pensar, para recordar tudo o que houve de bom. E tu tempo que nos separaste, que ainda pairas sobre nós, não apagues o que foi bom! Mesmo que passes lento, mesmo que as memórias façam doer, dá-nos tempo!
Mas se tu tempo teimas em ser mau, o destino é como um bom jogador de cartas. Vem devagar, baralha as nossas vidas assim de uma maneira tão ágil que nem tu, tempo, dás por isso!
E ficámos ali parados, olhos nos olhos, de sorriso tímido, e o tempo ali a navegar entre nós e a deixar-nos sem saber o que fazer! Vá destino, leva este tempo embora! Traz-nos os sorrisos de volta e os abraços! Agora que nos voltaste a juntar que nem o tempo nos separe! Porque tu destino és mais forte que todo o tempo do mundo!
Caminhámos devagar em direção um do outro, o sorriso tímido começou a encher-nos o rosto e o calor dos nossos braços envolveu-nos! E o destino levou o silêncio deixado pelo tempo e as longas conversas de outrora voltaram.
Meu amor:
Hoje resolvi colocar por escrito tudo o que há muito te quero dizer. Tudo o que fica entalado na minha garganta sempre que te vejo. Sabes como são as palavras, não sabes? Passeiam na nossa mente, brincam até, voam como se fossem borboletas num dia de primavera! Mas nunca, nunca são ditas no momento exato! Mas hoje ganhei coragem! E hoje vou obrigar todas estas palavras a dançarem no papel, apenas porque necessito de confessar!
Amo-te! Amo-te muito! Tanto que quando te olho o meu coração dispara, quer saltar-me do peito e fugir para junto de ti. Este mesmo coração que é teu mesmo sem tu saberes! Fico com vontade de te abraçar, sentir o calor do teu corpo, sentir o teu odor. Esse odor que me embriaga sempre que estás perto de mim. Esse odor tão teu e que eu reconheceria no meio de uma multidão! Quero que o brilho do teu olhar seja mais forte porque brilha por nós!
Amo-te! Amo-te muito! Tanto que chega a doer! Uma dor que apenas se acalma quando sorris! A tua voz tem o dom de me sossegar, mas mesmo assim não tenho coragem para te confessar tudo. As palavras não me saem da pela boca, mas agora estão aqui expostas à tua mercê! E podes lê-las e entende-las como te aprouver!
Amo-te! Amo-te muito! Tanto que recordo o som da tua gargalhada e o efeito que ela tem em mim. Faz-me arrepiar como se fosse uma música que me toca na alma. Saber que estás feliz deixa-me menos ansiosa. Queria ter coragem para te olhar nos olhos, esses olhos castanhos que são o espelho do ter ser! Um ser que para mim é maravilhoso. Bom! Doce! Ternurento!
Paixão Alucinante de 2014 Chiado Editora
Ser verdadeiro, uma virtude que parece que está em desuso! Lamentavelmente...
Esfregou os olhos com força! As suas pernas estavam bambas e por muito estúpido que pudesse
parecer sentia-se como se o seu corpo tivesse sido todo desmontado.
A paisagem à sua frente era de um verde de perder de vista. Havia flores de todas as cores, a casinha ao longe parecia de bonecas. O fumo que saía da chaminé indicava que alguém cozinhava. Estava a sonhar! Claro que estava a sonhar.
Levantou-se a custo, os seus pés enterravam-se na relva fofa. Ao longe uma vaca mugia. O cheiro intenso a flores silvestres e a relva acabada de cortar fizeram-no sorrir. Que lugar maravilhoso seria aquele?
Tinha adormecido no seu sofá, disso tinha a certeza absoluta! A televisão estava ligada, ao longe ainda a conseguia ouvir. Mas porque é que não acordava? Abanou a cabeça... Tropeçou quando os seus pés se embrulhavam numa silva.
-Ai!! - Gritou quando os espinhos lhe rasgaram a pele. Esfregou a perna com força. Sangue! Aquilo não era um sonho! Mas se não estava a sonhar onde estaria? Nunca pensou que fosse sonâmbulo mas no entanto tinha acordado num sitio que não conhecia!
Começava a ficar preocupado quando a viu! Qual visão de anjo! Trajava simples e tinha uma longa trança que lhe chegava às ancas. Sabia que já a tinha visto, mas onde?
Lilac andou vagarosamente. Finalmente as suas poções tinham resultado. Ali estava o homem dos seus sonhos, o homem da dimensão confusa de latas andantes e dos edifícios cinzentos e frios.
-Olá!
-A tua voz é como a dos anjos!
Lilac deu uma gargalhada! Duvidava que ele conhecesse anjos, mas podia apresentar-lhe alguns!
-Olá, bem-vindo ao meu mundo!
-Onde estou?
-Se ficarás direi...
-Se ficares comigo não preciso de saber...