Um dia meu amor, um dia disseste-me que a vida era curta demais! Ri-me! Estávamos na flor da idade e eu achei que teríamos toda uma vida pela frente. E quando digo toda uma vida falo em mais cinquenta ou sessenta anos para viver! Rir! Dançar! Ser feliz!
Mas tu continuavas a dizer que a vida era curta demais!
Aninhavas-te a meu lado e dizias que me amavas! Eu sorria. Era tão bom sentir o calor do teu corpo. Repetias esta frase vezes e vezes sem conta ‘Amo-te’ e eu apenas te sorria.
A vida é curta demais! Quando querias fazer algo, fazias! Nem sequer pensavas duas vezes! Eu ria-me e chamava-te de louco. E tu dizias:
-Amor, a vida é curta demais! E o amanhã é tão incerto! Se me apetece correr hoje, corro! Se me apetece dançar hoje, danço! Se me apetece andar cem quilómetros para ver o mar, ando! Acompanha-me apenas! Por favor.
E lá ia eu, de mão dada contigo a achar-te um louco apenas porque querias viver tão intensamente. Nunca te perguntei porquê, achei apenas que tinhas energia a mais e que precisavas de te desfazer de toda ela antes de repousares à noite.
E todas as noites me dizias o mesmo, como se fosse um mantra. Repetias tudo e, às vezes, fazias-me repetir tudo contigo! Ria-me! E lá repetia como se fosse uma menina ainda na escola primária.
-A vida é curta demais! Rir, dançar, amar, beijar, ser feliz todos os dias. Porque o amanhã é incerto!
Ouvias-me atentamente. Depois sorrias, um sorriso que iluminava o meu mundo!
-É isso, meu amor, lembra-te apenas que a vida é curta demais!
Hoje fico feliz porque te fiz feliz nos últimos dias da tua vida. Porque o teu amanhã não era incerto… Ias partir e sabias! Querias viver intensamente porque a tua vida ia ser curta demais! Não terias nem cinquenta nem sessenta anos pela frente. Tiveste apenas uns meses, uns meses onde me obrigaste a viver intensamente e me fizeste ver que devemos dar tudo de nós todos os dias. Sorrir, amar, beijar, abraçar, ser feliz, porque afinal o amanhã é tão incerto!