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Marta Velha - Writer

Marta Velha - Writer

Pensamento do dia! :)

23.02.23, Marta Velha

Pensamento do dia!! 

 

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E tudo o mar levou! :)

22.02.23, Marta Velha

26 de dezembro de 1946
O dia de Natal passado ontem em casa dos meus pais foi um dia que quero
recordar para todo o sempre.
Éramos de facto uma família. Unida. Feliz. A sorrir. Com amor. Os meus
pais tinham um brilho no rosto por estarmos ali todos, os seus filhos com as
mulheres e o Afonso com o Joãozinho. Que orgulho. Mais ainda quando eu e a
Joana anunciámos que no próximo Natal haveria mais um membro na família.
A minha senhora está de esperanças. Ficou combinado que no próximo Natal
todos irão ao Porto. Será em minha casa a comemoração do Natal.
Que Deus abençoe todas as famílias.
João Maravalhas

do livro 'E tudo o mar levou'

 

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Pensamento do dia! :)

22.02.23, Marta Velha

Bom dia!

Hoje o pensamento do dia é: 

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E tudo o mar levou! :)

21.02.23, Marta Velha

31 de dezembro de 1942
Casei! Meu Deus, a Joana estava linda naquele vestido que ela mesma fez.
Quase chorei quando a vi entrar na igreja. Foi melhor do que aquilo que consegui
imaginar um dia. Nunca pensei. Hoje posso dizer que tenho tudo o que
sempre quis. Um trabalho, uma casa, e uma mulher que amo! Que amo muito.
O meu pai lá aceitou o facto de eu não querer casar na Póvoa. Achei sempre
que ele não viesse. Mas quando ele entrou na minha casa, me abraçou e chorou
eu apercebi‑me que por trás daquele homem forte há um homem sensível, que
é meu pai e que me ama. Vinha de fato e gravata. O meu pai, um homem do
mar! De gravata! Amo a minha família. E um dia sei que vou ter filhos e que
todos seremos felizes.
João Maravalhas

do livro 'E tudo o mar levou'

 

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E tudo o mar levou! :)

20.02.23, Marta Velha

12 de maio de 1940
Mudei‑me para o Porto. A vida é mais fácil na cidade. Ainda sou jovem,
fiquei a dar aulas numa escola daqui. Gosto do que faço, gosto das letras. Gosto
de ensinar. Quem me dera que todos tivessem as mesmas oportunidades, mas a
força dos braços para o trabalho ainda é mais importante que a força da mente,
que as letras, que o ensino. Tento mudar as mentes, mas se nem os meus me
entendem como é que me hão de entender os de fora?
Conheci uma rapariga, bonita! É daqui. Sabe ler, sabe escrever, trabalha em
casa de pessoas de bem. Cozinha, arruma, lê as cartas da senhora, às vezes lê
para a senhora. Aprendeu a costurar e a bordar. Faz coisas bonitas. Este domingo
vou levá‑la a casa dos meus pais. Quero a bênção deles para me casar com ela!
Espero que a aceitem. Não é poveira, mas é a mulher que amo.
João Maravalhas

do livro 'E tudo o mar levou'

 

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Pensamento do dia! :)

20.02.23, Marta Velha

E hoje o pensamento do dia é: 

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E tudo o mar levou! :)

19.02.23, Marta Velha

4 de abril de 1936
Hoje nasceu o meu sobrinho. O meu irmão fez questão de o chamar de João,
tal como eu! João Afonso Maravalhas. Um menino saudável, cheio de vida e cá
com uns pulmões que assustam! Foi festa rija entre todos. Vinho, pão, chouriço,
peixe, tudo até tarde!
Um dia pode ser que eu mesmo case e que Deus abençoe o meu lar com uma
boa esposa e filhas! Peço a Deus filhas! Porque parece que os homens desta família
estão destinados ao mar! Triste sina a nossa! Eu consegui escapar, mas mais
quantos conseguirão? Às vezes ainda me incomoda o olhar do meu pai. Apenas
a santa da minha mãezinha parece compreender!
João Maravalhas

do livro 'E tudo o mar levou'

 

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E tudo o mar levou! :)

18.02.23, Marta Velha

15 de agosto de 1934
As festas em honra da nossa Senhora da Assunção decorrem hoje. Os pescadores
enfeitam os seus barcos, há flores por todo o lado. Lembram‑se os que já partiram.
O meu irmão casou hoje. Na igreja da Lapa. Correu tudo muito bem, a minha
mãe estava bastante emocionada. E eu, apesar de passarmos a vida a criticar
um ao outro, amo o meu irmão e quero muito que ele seja feliz. Espero que agora
que tem mulher que tenha mais juízo e que se aventure menos pelas ondas do
mar. Podia ir para o Porto, trabalhar noutra coisa qualquer. Só pensa no mar.
Se o tempo está mau e os barcos ficam no porto ninguém o atura. Não consigo
compreender esta obsessão com o mar. Definitivamente não me está no sangue!
João Maravalhas

do livro 'E tudo o mar levou'

 

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E tudo o mar levou! :)

17.02.23, Marta Velha

30 de julho de 1933
O meu pai teve um acidente de barco na última madrugada. No barco ia
ele, o meu irmão e mais alguns camaradas! Foi uma noite de tormento para
todos nós. A sorte de todos eles é que mesmo ali ao lado passava outra embarcação
e ajudou‑os. A minha mãe chorou no areal quando soube desta notícia. Foi
arrepiante ver todas aquelas mulheres ali a chorar e nós impotentes sem nada
poder fazer! A ajuda marítima veio logo de seguida, as ondas levantavam,
pareciam paredes levantadas por um Deus superior qualquer. Medo! Terror!
Como é que é possível estes homens irem ao mar, lutar pela vida, lutar por comida
na mesa e não terem medo? Por Deus, nunca estarei no cimo daquelas ondas!
O pai passou‑me o diário, quer que eu continue com a sua escrita, diz que
viu a morte a passear nas ondas do mar! A morte ria‑se de todos eles e reclamava
as suas almas! O meu pai ficou com medo. Agora eu tenho a responsabilidade
de continuar a escrever sobre o mar. Sobre o que os homens passam.
Começou a ser escrito pela minha avó. Noto que faltam aqui algumas folhas, não sei a razão e nunca irei perguntar. Talvez fossem coisas íntimas demais,
afinal é um diário.
João Maravalhas

do livro 'E tudo o mar levou'

 

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Pensamento do dia! :)

17.02.23, Marta Velha

Pensamento do dia! 

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