Lara olhava para o seu reflexo no espelho. Não sabia se gostava de si numa versão morena. Estava habituada ao seu tom natural, castanho. Achava que assim era muito ‘Raquel’ já que a sua irmã desde os quinze anos que pintava o cabelo num tom escuro. Nunca deixando a mesma cor durante mais de dois meses. Lembrava-se bem quando aos dezasseis anos pintou o cabelo de rosa choque para desespero de sua mãe.

“-Escusas de estar assim! O espelho não fala e além disso estás linda!! Vais ver que amanhã será só elogios lá na revista!” – Raquel colocou a mão no ombro da irmã. Sentia-a triste e a precisar de apoio.

 “-Odeio-vos! Mas já vos tinha dito isso um milhão de vezes!”

Do livro 'Paixão Alucinante'

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“-Desta vez vai ficar bom! Mudas é de visual. Cabelo preto mana, preto!!”

 “-Mas as manchas na pele vão durar uns dias…Valha-me Deus! Não me lembro de nada!!” – Lara ainda se sentia zonza.

 “-Vão ficar iguaizinhas!! Tal qual como quando eram adolescentes e pregavam partidas a todos!!” – Sónia olhava para uma e depois para outra, não sabia se havia de rir ou chorar.

Lara e Raquel tinham vinte e oito anos e eram gémeas. Todos as achavam iguais mas na realidade as diferenças eram enormes. Ambas tinham gostos muito diferentes e feitios que em nada se assemelhavam. Diferenças essas que se acentuaram mais na adolescência. Raquel gostava de controlar tudo e todos à sua volta. Era impulsiva e mandona. Queria estar sempre por cima e ter sempre razão. Lara era carinhosa, doce, meiga e sonhadora. Desculpava tudo e todos. Mas o feitio das duas complementava-se.

Do livro 'Paixão Alucinante'

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     Raquel despertou imediatamente ao imaginar a imagem da sua irmã. Sabia como ela era contra as mudanças de visual. E assim de repente nem a condenava. Azul!! Se tivesse quinze anos até nem era mau de todo mas agora…

     Mas mesmo assim não conseguia parar de rir. Teve que esperar algum tempo até conseguir explicar a Sónia o porquê daquele telefonema tão cedo e a urgência em ir até casa da sua irmã.

     Entre gargalhadas lá conseguiu explicar o motivo.

     “-E ela que nem gosta do azul!!” – E riram as duas ao mesmo tempo.

Do livro 'Paixão Alucinante'

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Bom diaaaaaaaaa e excelente fim de semana! 

Pensamento do dia! 

Desesperada correu para o quarto para procurar o telemóvel.

Do outro lado um ‘Tô?’ muito ensonado e distante.

 “-Minha mula! Que raio aconteceu ao meu cabelo???” – Sentia-se uma louca aos berros mas a sua imagem não estava muito melhor. Quem a visse diria que tinha enlouquecido.

 “-Calma Lara a tua irmã ainda está a dormir…” – Abel falava ensonado não conseguindo perceber muito bem o porquê dos berros que Lara dava ao telefone tornando parte das palavras imperceptível.

 “-Acorda-a!! O meu cabelo está todo manchado!! Azul e preto! E eu não me lembro  de como isto aconteceu!!” – Arrastava as palavras, sentia uma vontade enorme de chorar. E de matar a irmã. Literalmente!

 Do outro lado ouviu risadas que a deixaram ainda mais irritada.

Do livro 'Paixão Alucinante'

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E hoje o pensamento do dia é: 

   Arrastava os pés com dificuldade pelo soalho de parquet. O ‘tcheec tcheec’ ecoava na sua cabeça como se estivesse a levar uma pancada. Bocejou e levou a mão à boca com muito custo.

     Sentia-se mal disposta e tinha quase a certeza que tinha vomitado na noite anterior. O seu hálito estava a enjoá-la. Era sempre assim quando havia uma saída só de mulheres. Jantavam, iam até uma discoteca, dançavam até não conseguir sentir as pernas e depois bebiam. Às vezes, bebiam demais. E esta tinha sido uma dessas vezes.

     Sentou-se na sanita, sentia-se tão confortável como se estivesse enroscada no seu sofá. Quando se levantou sentiu falta de um café forte. Muito forte.

Do livro 'Paixão Alucinante'

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    Porque como dizia a minha avózinha 'É a falar que nós nos entendemos!' - seria tudo tãoooo maiiiis simples se com um simples diálogo pudessemos esclarecer tanta coisa!! 

Excelente terça-feira para todos! 

Dezembro de 2015
Já é inverno. Frio. Chuva. Vento. É tudo o que me espera quando vou à rua.
Estamos perto do Natal. E já sei qual é o presente que vou dar ao Frederico!
Ele nem imagina.
Sempre que o vejo ir ao mar o meu coração aperta‑se! Tenho tanto medo que
ele não volte! Tanto medo que o mar o leve para longe de mim.
Tenho medo de ser mais uma a perder o marido nas ondas do mar, mais
uma a dar razão ao poeta quando diz: oh mar salgado quanto do teu sal são lágrimas de Portugal… Quantas noivas ficaram por casar.
É esse o meu segundo presente. Aceitar o anel de noivado que foi da avó
de Frederico e casar com ele. Depois do bebé nascer será mais fácil. Sim, estou
grávida e muito feliz! Sei que ele também ficará. Amamo‑nos e isso, nenhum
mar pode separar. Sou feliz, feliz na Póvoa. Sou feliz por ser poveira.
Inês