Amor de Deus! :) Francico na igreja
01.06.24, Marta Velha
Livro 'Amor de Deus'
Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira repousa no íntimo dos tolos.
Eclesiastes 7-9
A igreja estava vazia e muito silenciosa. Sentia que a sua própria respiração ecoava no espaço. Ajoelhou-se em frente ao altar, rezava. Pedia perdão por todos os pensamentos que o assombraram durante os últimos dias. No seu coração morava a dúvida desde a morte da sua mãe. Um fardo pesado demais, mesmo para si que era padre. Suplicava ajuda a Deus! Sabia que Deus o ouvia. Tantas vezes ouvira. As lágrimas escorriam-lhe pelo rosto. Suplicava misericórdia e luz para os seus caminhos.
Sentiu passos de alguém a entrar na igreja e logo a seguir ouviu a pequena reza conhecida dos mais velhos da localidade:
“Deito esta água benta por cima dos meus pecados, para que na hora da minha morte sejam todos perdoados. Ficai-vos aí pecados meus, que esta hora não é vossa. Nem minha nem que possa, é da Senhora Virgem Nossa.”
Francisco benzeu-se e olhou para a imagem à sua frente, um olhar de súplica. Como precisava de se entender a si mesmo. Estava mais perdido que nunca. Voltou-se para ver quem acabara de entrar. Não lhe apetecia aturar a dona Carminda.
“-Era mesmo consigo que eu precisava de falar, senhor padre!” – A velha senhora dirigia-se até ele. Vestia preto de alto a baixo. O seu cabelo grisalho denunciava a sua idade. Implicava com todas as decisões que o padre Francisco tomava. Era sempre assim e Francisco já estava habituado.
“-Dona Carminda…” – Suspirou enquanto arrastava as palavras.
“-Nem penses que te livras de mim. Preciso mesmo de te falar. E os assuntos são de interesse para todos…”
“-Mais para si…” – Sussurrou.
“-Respeito, senhor padre que não sou dura de ouvido!!”
“-Já de cabeça…” – Falou metendo a mão à frente da boca.