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Marta Velha - Writer

Marta Velha - Writer

Amor de Deus! :) Francisco fala com o padre Zé

13.06.24, Marta Velha
Livro 'Amor de Deus'
 
 
O padre Zé estava no pátio em frente à casa. Arrancava algumas ervas daninhas dos vasos e ajeitava outros. Tinha um pequeno regador de metal a seu lado. Depois de arrancar as ervas, regava os vasos. Meditava na vida. Na sua, na dos outros e na vontade e desígnios de Deus.
“-Precisa de ajuda, padre?” – A voz distante e ausente de vida.
“-Oh rapaz!” – Virou-se para trás e viu Francisco. Fixou o seu olhar no dele. “-Pela tua cara precisas de um bom almoço e bem regadinho!! Entra.”
Francisco sabia que era impossível esconder o que quer que fosse ao padre Zé. Ele conhecia-o como ninguém. Só de o olhar saberia que algo estava errado.
“-Senta-te e começa a falar.”
Francisco respirou fundo. “-Preciso de me confessar.” – Sussurrou a medo.
“-Mandei-te sentar. Obedece a este velho padre.” – Falava autoritário.
“-Padre Zé eu…” – Fechou os olhos. “-O padre sabe que eu já não andava bem. No meu interior havia questões a mais sobre a igreja. Nunca traí os votos a que me propus. Nem nunca pensei que tal fosse possível! Amo o sacerdócio e amo a Deus acima de tudo. Desde aquele dia em que vi a minha mãe…” – Respirou fundo. “-Nunca traí os votos mas hoje…”
O padre Zé sentou-se a seu lado. Pousou-lhe a mão sobre o ombro. Respirou fundo numa tentativa de encontrar palavras que não baralhassem ainda mais Francisco.
“-Tem a ver com a carta que a tua mãe deixou?”
“-Indirectamente sim. A Maria beijou-me…” – Fez uma pausa respirando fundo e sem coragem de olhar para o padre Zé. “-… e eu correspondi ao beijo.”
O padre Zé não se mostrou surpreendido nem o censurou pela confissão. “-Ela é uma rapariga muito bonita.” – Foi tudo o que se atreveu a dizer.
“-É… Tem uns traços angelicais, um olhar triste que me cativa. Chega a dar-me pena… E eu estou tão confuso. Não sei o que sinto. Sei que pequei e isso mata-me por dentro…” – Baixou o olhar. “-Gosto de ser padre. Quero continuar a ser padre mas pequei!”
“-Tu não estás indiferente a tudo isso. Estás é confuso e com medo.”
“-É verdade… estou!” – Levou as mãos à cara escondendo o rosto com vergonha.
“-O amor é algo que a bíblia nos fala. Sabes disso tão bem como eu.”
“-Traí Deus.” – Disse desapontado, aflito. Que dilema!
 

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