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Marta Velha - Writer

Marta Velha - Writer

Amor de Deus! :) Maria e Francisco encontram-se à beira rio

20.06.24, Marta Velha

Livro 'Amor de Deus'

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Estendeu a manta perto da margem. Os sons da natureza cativavam-na. Havia pássaros, grilos, água, a agitação das ramagens à passagem do vento. O céu estava das mais variadas cores: vermelho, laranja, amarelo, lilás e azul. Uma ou outra nuvem parecia que tinha sido lançada ao acaso para o meio dessas maravilhosas cores. Um bando de pássaros levantou voo, seguiam o líder, formando um triângulo quase perfeito e deixando no céu uma mancha preta que se ia afastando. Maria sorriu. Sentou-se e começou a ler ‘Os Maias’. Achava o livro muito cheio de pequenos pormenores e aquela relação tão impossível teria um fim trágico. Aquela leitura acalmava-a. Em voz baixa repetiu um trecho da frase que acabara de ler:

     “-Ainda ousavam ir temerariamente até à esperança de um beijo, ou de uma fugidia caricia com a ponta dos dedos…” – Suspirou. Também ela ansiava por um beijo e uma caricia de Francisco. Até quando?

     Não sabia há quanto tempo estava sentada quando viu alguém, ao longe, a andar de bicicleta. Vinha numa marcha lenta. E tal como ela, parecia apreciar a paisagem. Quando se aproximou, Maria sorriu. Reconheceu Francisco. Trazia umas calças de ganga e uma t’shirt azul. Do mesmo azul do céu. Tinha um ar descontraído e muito atraente. A brisa tinha-lhe desalinhado o cabelo. Tinha um sorriso do tamanho do mundo e lindo.

     Francisco parou junto dela e pousou a bicicleta.

     “-Não esperava mesmo nada encontrar-te aqui.” – Rasgou um sorriso.

     “-Nem eu a ti.” – Pousou o livro a seu lado.

     “-Precisava de clarificar as ideias e… apeteceu-me andar de bicicleta. O final de dia estava convidativo e…olha… Ainda bem que vim.” – Continuou a sorrir.

     Maria fingiu não perceber o olhar que Francisco lhe deitou. “-Ora aí está uma coisa que não sei fazer.”

     “-O quê?” – Esbugalhou os olhos.

     “-Andar de bicicleta!!”

     “-A sério?? Não sabes??”

     “-Hum hum, a sério! Nunca aprendi.”

     “-Um dia ensino-te.” – E olhou-a carinhosamente.

     Maria deu uma gargalhada. “-Tenho medo!!”

     Francisco sentou-se a seu lado. Observou o vestido branco com pequenas flores em tons de rosa, que Maria trazia vestido. “-A meu lado estás segura, não precisas de ter medo.” – A voz saiu-lhe tão suave que Maria achou que era a voz de um anjo. Francisco apercebeu-se que não falava só da bicicleta mas de tudo.

     Maria ficou em silêncio durante algum tempo. Pousou a sua mão sobre a de Francisco. O calor que emanava dele fê-la arrepiar-se. Queria tanto ter a certeza daquelas palavras. Olhou Francisco nos olhos e não demorou até os seus lábios estarem juntos. Um beijo suave, carinhoso que logo de seguida se transformou em fogo consumidor.

 

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