E tudo o mar levou!
24 de Junho de 1926
Quando a minha mãe me ensinou a escrever achei que nunca ia precisar. Um homem que vai ao mar não precisa de saber letras! Mas, hoje que faz um ano que ela partiu, e um ano desde que comecei a ler este seu diário, sei que me era preciso. Hoje sei que o meu pai morreu. Não o pai que me criou e que sempre amei como sendo o meu pai verdadeiro. Nunca desconfiei que o Maravalhas não fosse mesmo o meu pai! Nunca me contaram… Não me sinto triste por isso. Segundo a minha mãe o mar levou o meu verdadeiro pai! Este monstro, como ela lhe chamava. E agora compreendo muita coisa. Compreendo o seu medo quando aprendi a nadar, compreendo o seu medo quando fui ao mar pela primeira vez. Mãezinha, foste uma mulher de armas e eu amo-te muito. Onde quer que estejas protege-nos, pede a Deus por nós.
Os meus filhos e a minha mulher vão saber onde está este diário. Passará o tempo mas este livro viajará pelos nossos familiares. Histórias heróicas serão contadas. Homens do mar serão honrados.
Artur Maravalhas