Jasmim e a força do Amor! :) Jasmim perante Camel
Livro ‘Jasmim e a força do amor’
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Jasmim entrou na Sala do Trono a esvoaçar. Sempre achou a sala do trono de uma beleza sem fim. As cores fascinavam-na, cores alegres e com vida própria que a faziam lembrar o arco-íris. O facto de haver flores coloridas em cada canto também a deixava mais feliz. Os tectos tinham pinturas da vida quotidiana do Reino Encantado, de outros tempos, de outras fadas. As grandes janelas em forma de losango deixavam entrar os raios de sol quentes, batiam nos cristais e faziam aparecer pequenos arco-íris que se espalhavam em cada recanto e objecto. Como adorava aquele lugar... Era a sala onde Camel tomava as decisões mais difíceis do seu reinado, era também onde recebia conselhos dos outros elfos ou dos duendes. Era a sala onde repreendia alguém. Era uma das salas principais do Reino.
O seu longo vestido verde agitava-se sempre que ela batia as suas longas asas transparentes. Viu Lilac apoiada no trono. Tinha uma tristeza profunda estampada no rosto. Tinha que lhe tocar, tinha que a fazer sorrir. Camel estava sentado. Tinha as orelhas mais pontiagudas do que aquilo que se lembrava. O seu nariz fumegava. Estava tenso e irritado. Muito irritado.
“-Camel...” – Disse num sussurro e a medo. Sabia que os anciãos dos Elfos há muito haviam combinado reunir-se em concílio. Tinha agora a certeza absoluta que um dos temas seria o seu comportamento. “-Eu...” – Olhou novamente para Lilac.
“-Foste longe de mais... Por um capricho!!” – Apoiou as suas longas mãos nos braços do trono, estava tão tenso que os nós dos seus dedos ficaram brancos com a força que fazia.
Jasmim olhou-o com mais atenção. Agora Camel parecia-lhe mais cansado e mais velho. Ele ainda tinha muito a dar àquele Reino e podia estar mais velho e mais cansado mas era ainda um líder!
“-Meu senhor...” – Disse a medo, fazendo recolher as suas asas. “-Eu apenas...”
“-Não posso deixar passar em branco este incidente. Há milhares de anos que vivemos em paz, que os humanos não tentam encontrar o Reino apesar de todas as histórias que vão passando de boca em boca. Deixaram de acreditar em nós! Deixaram de tentar apanhar-nos para seu proveito. E tu ao tentar passar o muro ias colocando a vida de todos nós em risco!”
Jasmim ajoelhou-se junto a Lilac. Sabia que ela chorava por dentro, sentia o cheiro da sua tristeza. Uma tristeza profunda, tanta dor no olhar. Tinha que lhe tocar, absorver aquela dor. Apenas tinha que o fazer... Sabia que se lhe tocasse ela ficaria mais feliz, mais descansada.
“-Desde que era apenas uma pequena fada que ouço as histórias de Sebastian. Ele sempre me fascinou. A sua voz, a enfâse que dava às palavras, o amor que colocava em tudo o que conta. A conquista dos mares pelos portugueses, como foram ajudados pelas fadas, pelos senhores do Ar, da Água e da Terra. Como conquistaram mundos apenas conhecidos por nós! Mundos de coisas fascinantes, de gente feliz. Conquistaram o paraíso. A alegria dos seus rostos quando colocaram o pé em terra. Sebastian viu isso! Sebastian estava lá!” – Fez uma pausa. “-Sebastian descreveu-me tudo com tanto pormenor! Ele estava lá quando os grandes barcos partiram de velas abertas ao sabor do vento. Viu os rostos dos humanos quando enfrentaram tempestades provocadas pelos Deuses do Mal! Viu a felicidade nos olhares quando venceram! Viu as batalhas! Viu as derrotas! Viu as victórias!”
“-Eu estava lá!!” – Gritou Camel. “-Eu vi!! Eu senti!! Estás a deturpar a realidade!”
“-Não!” – Levantou-se. “-Não estou! Apenas vejo as coisas de outra maneira! Vejo amor!”
“-Os homens não sabem amar!!” – Afirmou muito irritado.