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Marta Velha - Writer

Marta Velha - Writer

Para recordar! :)

05.10.22, Marta Velha

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Sentia que o meu corpo vagueava pelo vazio. Era como se a minha alma voasse para longe... O vento batia-me no rosto. Desalinhava-me o cabelo! Não conseguia ver nada à minha frente. Um vazio! Sentia que estava num vazio!
Ao longe comecei a vislumbrar uma pequena luz. Estava perto do meu destino... Um destino pelo qual lutei! Um destino que eu não tinha como certo mas que queria acima de tudo. Um destino que me daria liberdade. Liberdade de te amar!
Ao meu redor tudo começou a tomar forma. As casas. As ruas. Os jardins. As flores! Finalmente conseguia ver toda a beleza retida nas flores! Os cheiros, até os cheiros eu consegui distinguir. O teu cheiro estava perto de mim. Sentia-te! Oh, aquela dor no peito novamente. A dor de te amar e não te poder ter!

Guilherme estava agitado. Havia noites que não conseguia dormir. Tinha sempre o mesmo sonho. Uma mulher alta, de cabelos compridos e negros como a noite, tez pálida e suave, de sorriso capaz de derreter todo o gelo existente no mundo! Vinha sempre acompanhada de um som estridente! Uma campainha desesperada!

Essa mulher vinha ao seu encontro numa noite de Verão, iria abraçá-lo e dizer que o amava! Mas o mais estranho é que mesmo não a conhecendo, Guilherme já a amava. Queria-a! Sabia que a seu lado ia ser feliz! Acordou de repente! A respiração acelerada! O suor escorria-lhe pelo rosto! A sua visão estava turva! Sentou-se na cama e respirou fundo! Precisava de se acalmar!
"-Estou a ficar maluco! Sonho com fadas! Já tenho idade para ter juizinho!" - Deu uma gargalhada nervosa. Levantou-se a custo. Olhou para os pequenos números vermelhos do seu despertador. Quase cinco da manhã! Arrastou os pés pelo corredor, sentia a cabeça a latejar, não precisava de um copo de água! Precisava de algo muito mais forte!
Olhou pela janela da sua cozinha. A aurora começava a romper lá fora. O céu estava de um tom que ele nunca vira! Azul índigo, rosa, lilás, amarelo, laranja, vermelho! Cores estranhas para uma manhã suave de Verão! Ouviu uma barulho seco e assustou-se! Era como se algo tivesse caido no seu quintal! Abanou a cabeça, precisava claramente de descanso.
Bebeu a água e fechou os olhos.
Alguém começou a tocar desesperadamente à sua campainha. Esbugalhou os olhos. Conhecia aquele som! Era o mesmo som dos seus sonhos! Olhou em redor. Não era possível...
Andou a medo. Abriu a porta a custo...
Era alta, tão alta como ele. A sua pele parecia a pele de um bebé. Claramente macia. Branca. Ela era muito branca. O seu cabelo era como um borrão negro caido sobre os seus ombros. Tocava-lhe na cintura e acariciava-a. Sorriu-lhe. O seu sorriso era acompanhado por um coro de anjos! Era ela!
Alina estendeu-lhe os braços. Queria abraçá-lo. Mas Guilherme tinha medo de acordar, não agora que estava tão perto de lhe tocar.
"-Amo-te..." - Aquela voz suave. Aqueles olhos meigos a olharem para Guilherme.

Guilherme teve a certeza que não era um sonho. Era real. Sabia que ia ser feliz. Sabia que a amaria para sempre. Abraçou-a com força. Queria senti-la. Coração com coração.
"-E eu a ti..."
Os seus lábios tocaram-se e o beijo trocado foi com amor.