Este texto tem quase dois anos. Escrevi-o em Junho de 2013 no facebook e num mail que enviei para todos os contactos do meu mail profissional.

Infelizmente a Elsa já partiu... Mas deixo aqui o texto, porque infelizmente este país está cheio de 'Elsas'...

Passo pela velhinha avenida Dr. Lourenço Peixinho em Aveiro, aqui e ali um cartaz. Passo, olho e ignoro. Mas há uma frase que me fica na mente 'Dar sangue, dar vida'. Encolho os ombros e continuo na minha caminhada. Mas ali está outro cartaz e a seguir outro e mais outro e outro ainda. Ignoro as pequenas letras pretas que parecem dançar no fundo branco do cartaz. Passo, olho e ignoro.

Um dia dizem-me '-Olha a Elsa está internada. Está mal. É leucemia.' Encolho os ombros e respondo '-Mas eu não conheço nenhuma Elsa.' '-Conheces pois. É filha da P., irmã do É., sobrinha do J., da M., da G., do E., da I., do M., da A."

Na minha mente aparece a imagem da Elsa, tem 25 anos está mal e precisa de um dador de medula óssea. É então que o pequeno cartaz que ignorei volta à minha mente. Agora passo pela avenida olho, leio e sei quando são as próximas recolhas de sangue. E lá vou eu cheia de coragem. Não dói, não se paga e no fim tenho um sorriso no rosto. Fiz uma boa ação.

Fico a saber que cada vez há menos dadores de sangue. Pergunto porquê mas não me sabem responder. E então na minha mente aparece a resposta que digo alto e bom som 'Achamos que só acontece aos outros e só quando acontece a alguém que conhecemos é que olhamos para o cartaz, lemos e não podemos ignorar.'

Para mais informações podem contactar a ADASCA (Aveiro) ou outra associação de dadores de sangue. Porque hoje é a Elsa mas amanhã pode ser a Maria, a Joana, o Manuel, o Paulo, o João, o Miguel, a Rute, a Liliana...

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Marta Velha Ferraz

- alguem que afinal conhece a Elsa -