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Marta Velha - Writer

Marta Velha - Writer

E tudo o mar levou! :)

19.03.23, Marta Velha
Agosto de 2015 Nem acredito que comecei a escrever no velho diário de família. Finalmente chegou a minha vez para tal. Estou a morar na casa da avó. Era esse o compromisso de Frederico, ver a casa para a comprar. Disse‑me que estava disposto a esperar. Esperar o tempo que fosse necessário até eu regressar de boa vontade. Não esperava é que fosse tão depressa. Amo‑o e vou ter que aprender a amar o mar! E aprender a vê‑lo partir de madrugada. Custa, mas sei que sou forte e (...)

E tudo o mar levou! :)

18.03.23, Marta Velha
Maio de 1990 Sinto‑me velha, cansada, talvez seja a idade, talvez sejam os desgostos da vida que me vão tornando mais velha, mais cansada, mais acabada. O mar levou‑o, dizem que o mar devolve tudo o que não é seu. Mentira, o meu Adriano pertencia ao mar. Sempre pertenceu. O mar nunca o vai devolver. Adriano é do mar. Meu Deus…. A dor de perdeu um filho é tão grande! As facadas que sinto no peito matam‑me! Foi realizada uma missa pequena na igreja. Um funeral sem corpo. Rezei, (...)

E tudo o mar levou! :)

17.03.23, Marta Velha
Março de 1982. Se havia homem que eu amava nesta vida, era o mestre Maravalhas. Passamos anos tão felizes. Foi tão bom! Amei‑o. Amei‑o muito! Sempre que ele saía para o mar mesmo que fosse de madrugada, eu ia espreitar, ia espreitar as ondas, ia ver o barco afastar‑se. Por vezes senti medo. Medo que ele me fosse tirado. Medo de o perder. Eu sabia que se isso acontecesse parte de mim ia com ele. Aconteceu! O mar levou o único homem que amei nesta vida. Já chorei tudo o que havia (...)

E tudo o mar levou! :)

16.03.23, Marta Velha
Setembro de 1986 Mais uma tragédia, mais companheiros de labuta levados pelo mar. Estivemos na igreja de Caxinas. Quatro homens mortos, felizmente o mar devolveu os corpos. A missa foi muito sentida. Não somente pelos homens que morreram mas por todos os outros que foram lembrados. Quando me lembro de um dos filhos do Aleluia a chorar agarrado à mãe só me lembro da minha menina. Ele é pouco mais novo que ela. Chorava amargamente. Os seus gritos ouviam‑se na praia. A minha Antonieta (...)