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Marta Velha - Writer

Marta Velha - Writer

27 de Fevereiro de 1892 - O dia da Tragédia! E tudo o mar levou!

27.02.24, Marta Velha
Livro 'E tudo o mar levou'   23 de dezembro de 1891Cheguei ontem. Quase morri com o susto! Tanta areia, tanta mas tantaágua. Ficámos numa casinha de madeira. Tão linda, tão aconchegante… opaizinho ficou horas sentado na areia a olhar para a água. As ondas iam evinham, tive tanto medo! A água gritava. Rugia como gatos selvagens. Ospequenos barquinhos eram açoitados por toda aquela fúria. Por instantes pen‑sei que nos quisesse engolir! Foi uma tolice de minha parte! A água não (...)

E tudo o mar levou! :)

27.02.23, Marta Velha
5 de outubro de 1951 Casadinho! Casadinho e homem sério! Posso ir aos portos que for, mas agora tenho mulher em casa à minha espera. Só a quero a ela. Mulher de pelo na venta. Daquela ninguém faz farinha e eu ou me porto bem ou não é só com peixe que levo! Abençoada seja aquela que me meteu juízo na cabeça. Agora sossego. E mais, nem à tasca vou. Saio da safra e vou logo para casa! Se ela me apanha a mijar fora do penico… É possível amar uma mulher assim? É! Eu amo. E para (...)

E tudo o mar levou! :)

26.02.23, Marta Velha
20 de setembro de 1951 Para quem não queria escrever nada, passo agora aqui tempo de mais, mas os homens desta família estão todos condenados ao mar e a este diário? Ai a minha vida. A minha vida e a minha cara! Então não é que ontem levei com um carapau na cara?? Foi uma risada completa na lota! E eu é que ia adivinhar que a Francelina andava caída por mim? Nunca imaginei. Ora claro que falávamos! Não há nenhum rabo de saia com o qual eu não fale! Ah, pois. As meninas falavam (...)

E tudo o mar levou! :)

25.02.23, Marta Velha
18 de setembro 1951 Quando o meu tio João me deu este diário, logo após a morte do meu pai e do meu avô eu guardei‑o. Não me dizia nada estas letras aqui escritas, eu queria era mar! Uma mulher em cada porto. Um dia serei mestre. Mestre Maravalhas. O homem dos sete mares. Já viajei muito por este mar. Já apanhei alguns sustos. Mas pelo que aqui li nesta família é normal. Muitos já lá ficaram. Paz às suas almas.  Aveiro. Leixões. Figueira da Foz. Em cada porto uma mulher bonita à (...)